Antes de mais quero pedir desculpa pelas minhas faltas de comparência, mas ultimamente não me tem sido possível estar tão presente como inicialmente, tentarei que não se repita muitas vezes mas não depende só de mim.
Quanto às perguntas que me têm colocado, vou passar a responder directamente aqui em vês de enviar mails pessoais, uma vês que não me é possível contactar toda a gente por esse meio.
Maria, o choro a que me referi aquando da entrada para a tropa tem uma razão muito particular de ser, o facto é que aquele momento foi o primeiro em que eu, filho único mimado, saí pela primeira vez sozinho de casa. Para além disso, as histórias que me tinham contado dos primeiros dias de tropa não eram nada animadoras, como tal o desconhecido e o ambiente, seguramente, adverso para onde eu me encaminhava deixavam-me apreensivo.
Posso até contar um episódio curioso que contribui para o receio que eu sentia. Na véspera do assentar praça dirigi-me ao quartel e perguntei ao sentinela até que horas podia entrar no dia seguinte, e a resposta que obtive foi algo como:
“- Vens para a tropa?! Não sabes onde te vens meter, eu se fosse a ti fugia pois isto aqui é um inferno.”
È evidente que não fugi, e agora à distância até posso reconhecer que aqueles foram dos melhores dias da minha vida, principalmente a recruta. Até digo mais, aprendi muito no que toca a companheirismo, camaradagem e espírito de corpo, coisas que vieram a ter alguma importância na minha vida e que não teria aprendido se não tivesse passado por lá.
Agora a minha colega Ana.
Bem, quanto à questão que me colocas eu já abordei um pouco essa questão, no entanto não me importo nada de voltar a falar sobre o assunto.
O fruto proibido é sempre o mais apetecido, isso é ponto assente, logo a proibição não é solução. Depois, se nos é possível socializar com um copo de álcool na mão, porque não fazer o mesmo com um charro? É evidente que nos deveria ser permitido fazer a escolha. Aliás, essa é para mim a grande questão. A nossa liberdade é um conceito muito relativo, porque somos e seremos sempre prisioneiros da necessidade de efectuar escolhas, o problema é fazer a escolha correcta.
Eu pessoalmente nunca fui muito apreciador da moca do chamon ou da erva, como já o disse várias vezes, no entanto percebo perfeitamente quando comparas estas substâncias com o álcool, provavelmente morrem mais portugueses devido ao seu consumo, directa ou indirectamente.
Enfim, cada cabeça sua sentença, eu por agora não fumo, ou melhor só fumo tabaco, quanto ao resto há tanta outra coisa boa para fazer sóbrio, não achas?