Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

quinta-feira, maio 04, 2006

Desculpem a ausência

Antes de mais quero pedir desculpa pelas minhas faltas de comparência, mas ultimamente não me tem sido possível estar tão presente como inicialmente, tentarei que não se repita muitas vezes mas não depende só de mim.

Quanto às perguntas que me têm colocado, vou passar a responder directamente aqui em vês de enviar mails pessoais, uma vês que não me é possível contactar toda a gente por esse meio.

Maria, o choro a que me referi aquando da entrada para a tropa tem uma razão muito particular de ser, o facto é que aquele momento foi o primeiro em que eu, filho único mimado, saí pela primeira vez sozinho de casa. Para além disso, as histórias que me tinham contado dos primeiros dias de tropa não eram nada animadoras, como tal o desconhecido e o ambiente, seguramente, adverso para onde eu me encaminhava deixavam-me apreensivo.

Posso até contar um episódio curioso que contribui para o receio que eu sentia. Na véspera do assentar praça dirigi-me ao quartel e perguntei ao sentinela até que horas podia entrar no dia seguinte, e a resposta que obtive foi algo como:

“- Vens para a tropa?! Não sabes onde te vens meter, eu se fosse a ti fugia pois isto aqui é um inferno.”

È evidente que não fugi, e agora à distância até posso reconhecer que aqueles foram dos melhores dias da minha vida, principalmente a recruta. Até digo mais, aprendi muito no que toca a companheirismo, camaradagem e espírito de corpo, coisas que vieram a ter alguma importância na minha vida e que não teria aprendido se não tivesse passado por lá.

Agora a minha colega Ana.

Bem, quanto à questão que me colocas eu já abordei um pouco essa questão, no entanto não me importo nada de voltar a falar sobre o assunto.

O fruto proibido é sempre o mais apetecido, isso é ponto assente, logo a proibição não é solução. Depois, se nos é possível socializar com um copo de álcool na mão, porque não fazer o mesmo com um charro? É evidente que nos deveria ser permitido fazer a escolha. Aliás, essa é para mim a grande questão. A nossa liberdade é um conceito muito relativo, porque somos e seremos sempre prisioneiros da necessidade de efectuar escolhas, o problema é fazer a escolha correcta.

Eu pessoalmente nunca fui muito apreciador da moca do chamon ou da erva, como já o disse várias vezes, no entanto percebo perfeitamente quando comparas estas substâncias com o álcool, provavelmente morrem mais portugueses devido ao seu consumo, directa ou indirectamente.

Enfim, cada cabeça sua sentença, eu por agora não fumo, ou melhor só fumo tabaco, quanto ao resto há tanta outra coisa boa para fazer sóbrio, não achas?

5 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Oláaaaaaaaaaaaa!!!
'tava a ver que tinhas ido pró Brasil apanhar sol!!
Ainda bem que voltaste pois já começava a sentir falta das tuas histórias, eu e todos os visitantes do blog, porque já reparei que tens muitos.
Espero sinceramente que estejas bem e até amanhã!

5:01 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Bom dia!
Sem dúvida que sóbrios vemos o mundo como ele é, mas pessoalmente nada como fumar uma quando se chega a casa depois de um dia de trabalho extremamente aborrecido. As drogas, como o alcool, fazem-nos ver tudo de outra maneira, como quando vemos através de um vidro martelado, vemos vultos e movimentos e o resto imaginamos, o que para uma pessoa com uma fértil imaginação (como eu) tem a sua piada. A verdade é que quando, pelos motivos que conheces, tive de me decidir pela abstinência me custou muito perder o espaço que tinha reservado ao fim da tarde (e à noite e tudo mais) para a minha fugidinha do mundo real. Mas lá passou...

11:18 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

É estranho estar aqui...vivo a 10 anos com uma pessoa e a cerca de ano e meio começou a consumir heroina. Apesar de ainda estar, acho eu, numa fase em que tem algum auto-control , pois não consome todos os dias, esta situação está a destruir não só a nossa relação mas também a mim. O momento que antecede a chegada dele é sempre de grande ansiedade e angústia por pensar que posso encontra-lo mal. Quando o vejo naquele estado não consigo reagir bem e cria-se entre nós um ambiente de grande tensão e, muitas vezes, discussão. E ainda mais quando ele insiste em dizer que está bem,que eu sou sempre a mesma exagerada, e di-lo com enorme convicção e até zangado por eu estar a sugerir tal coisa.As vezes chego a duvidar da minha desconfiança. É terrivel!
Já várias vezes disse que ia deixá-lo mas a verdade é que não tenho forças para o fazer por achar que este é o momento em que mais precisa que esteja do seu lado. Mas para continuar do lado dele tenho de aprender a lidar com a situação; tenho de saber o que fazer quando o encontro assim; arranjar estratégias para ajudar em vez de, mesmo que intencionalmente,poder estar a piorar.
Preciso muito que me ensinem a melhor forma de estar nesta situação!
Devo fazer de conta que está tudo bem, ou pelo contrário, mostrar-lhe que me apercebo, e que não é só a ele que mata um bocadinho todos os dias mas também a mim?

Obrigada desde já e espero que seja um até muito breve.

Assinado, D

5:48 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

familiasanonimas-pt.org
ou outras associações deste tipo devem ser um sítio por onde começar

10:44 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Sou adicto em recuperação ainda não a 6 meses. Não imaginas o que a tua história me emocionou. Dá experiência que tenho pode acontecer a qualquer um de nós se não tivermos cuidado. Não consigo imaginar o que serão uns bons anos de uso de heroína pois só fiz uma chinesa uma vez. Força, fé e esperança... É coragem!

12:31 da manhã

 

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