Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

quinta-feira, abril 06, 2006

As raízes Parte 2 (o fim da inocência)


A entrada no ensino preparatório foi um choque, o descobrir de uma nova realidade para a qual eu não estava de modo algum preparado. Desde logo o contacto com o sexo feminino foi uma coisa estranha, eu nunca tinha convivido com meninas da minha idade e isso não foi fácil, só muito mais tarde viria a descobrir o quanto eu gosto da sua companhia. Por outro lado, o facto de não ter sempre o mesmo professor a acompanhar-me ao longo do período de aulas também me transmitiu uma sensação de abandono que foi difícil de ultrapassar, transformando-se mesmo, em alguns momentos, numa revolta que se reflectiu em irreverência e mau comportamento.

O melhor aluno da quarta classe, rapidamente se transformou num aluno com notas medianas, para o fraco, e do pior ao nível do comportamento e da disciplina.

Dum momento para outro, deixei de estar numa redoma que me protegia durante todo o dia – o período que passava no externato – para estar entregue a mim mesmo durante tempo demasiado, e eu não estava preparado. O perder o norte foi quase que imediato, de tal maneira me senti perdido que senti necessidade, por exemplo, de me esforçar para dizer palavrões porque entendia que só assim poderia ser aceite pelos outros.

Nesse momento vi-me obrigado a escolher que tipo de grupo eu queria integrar, se o grupo dos betinhos se o grupo dos “maus”, ou do que hoje se chamaria de dread ou algo parecido. Está mais que visto qual a escolha feita, não é?

Também por essa altura começou a minha ligação às claques de futebol, tendo integrado duas das mais antigas claques fundadas em Portugal, uma das quais fundada em 1976 e que ainda hoje existe. Este universo foi, para mim, mais uma escola onde aprendi o que não devia e onde tive pela primeira vez contacto com algumas substâncias das quais até então eu mal tinha ouvido falar, e que desconhecia quase por completo.

O menino bem comportado e com boas notas estava enterrado, acabei os dois anos do ensino preparatório com aproveitamento fraco, mas o suficiente para passar os dois anos, no entanto fui o mais bem classificado em mau comportamento, estava classificado com distinção como o pior aluno da escola nesta matéria.

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

continua a escrever k nos tamos aki pa ler

2:06 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

ja agora parabens pela coragem

2:06 da tarde

 
Blogger Maria H disse...

Parabêns pela coragem! É uma expressão que estou acostumada a ouvir, mas que nunca tinha dito a ninguém. Também sou tal como tu mais "uma" de tantas pessoas que consumiram drogas. Estive agarrada bem como o meu marido cerca de 15 anos. Em 1998 fomos presos por tráfico (sabes aquele tráfico que hoje em dia não vais preso mas sim enfiado em tratamentos...) Enfim, Condenados a 5 anos dos quais cumprimos 3 e meio...E hoje aqui estamos pró que der e vier porque o pior já lá vai. Perder perdemos algumas coisas importantes. eu, por exemplo, que era professora primária, perdi o meu emprego. Ganhar, ganhámos tudo: uma nova vida, os nossos 2 filhos, um curso superior que o meu marido está a fazer, a dignidade...Valeu a pena e não há-que haver arrependimento. Foi melhor assim, sem "curas" que sabemos pelos exemplos que não vão dar a lado algum, sem terapias, apenas com a nossa vontade de partir para outro lado. Somos nós os donos do nosso destino e do nosso caminho...!
Se quizeres trocar experiências, cá estamos...

3:01 da tarde

 

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