Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Estou a ficar farto

"Jesus! Tou deveres siderado de espanto! + didático e educativo definitiva/te era impossível. MAS O KÉ ISTO? Será ke é “... dar a conhecer o que é realmente a vida de um drogadado e em simultâneo dar pistas para que pais e familiares consigam atempadamente perceber os sinais de alerta...” Não atingi ainda o alcance deste post mas lá chegarei. O cavalheiro sempre foi assim ou está a atravessar alguma fase + complicada e de completo desnorte. Pelo ke me apercebi a mulher fartou-se de si... Deve ser 1 qq. sindrome de tensão pós-separação. Concerteza Freud ou mm. Daniel Sampaio explicariam...Tiro contudo 2 ideias visionárias desta vergonhosa reali//, cursos de formação profissionalizantes.1-Curso de iniciação e aprefeiçoa/to – Injete-se – ministrado por profissionais de saúde ou 1 qq. drogado + experiente2-E ainda toxicologia das drogas e substâncias similares – Aprenda a distinguir. Qq. quimico ou frequentador assíduo do cartel de Medellín poderiam lecionarEvitar-se-iam as situações de “angústia” , aterradoras ke aqui descreve. Ser deplorável. Houve alguém ke aqui frisou, ke tanto é cego aquele que é, como aquele ke não quer ver... Nunca lhe atribui tanto significado como agora.Outra coisa ke me apraz saber é ke os traficantes são conscenciosos. Quem diria! Não me canso de ver nestas páginas que eles são os principais responsáveis p/ esta miséria humana. Tiveste sorte de eles serem tão burros c/o tu e não saberem da existência do antraz. Já viste se em vez de cimento, cal, sonoríferos, noostan, misturassem antraz, já eras... e evitavas esta tua triste existência. "

Sinceramente começo a ficar farto desta aberração que por aqui teima em aparecer, este pseudo-intelectual que se julga muito importante e inteligente está quase a fazer-me perder a paciência. Meu senhor, já vi que tem uma vida muito interessante e ocupada, tanto que não sai daqui e nos obriga a aturar o seu cheiro pestilento e nauseabundo. Se está mal e não gosta do que aqui escrevo porque faz questão em por cá aparecer?
Desampare-me mas é a loja e ponha-se ao fresco.
Diz-me lá o que é que tu percebes da vida de um drogado? Dos sentimentos e das angustias porque passei?
E quanto à mulher não foi ela que se fartou, fomos nós que nos fartamos os dois.
Agora volta lá para o chiqueiro de onde saíste que já estou farto de aturar.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

De volta

Voltando então ao relato da minha história, que de facto é o que interessa e o motivo da existência deste blog, estamos então na época em que comecei a dar os primeiros caldos sozinho.
De cada vez que o fazia era sempre confrontado com uma série de medos. Desde logo o pior de todos era o medo de que a seringa entupisse ou que por qualquer razão falhasse a veia e desperdiçasse o cavalo. Isto era o pior que me podia acontecer, estar a ressacar, conseguir arranjar cavalo e depois a bomba entupir era desesperante, tive cenas de estar com a agulha espetada, ter encontrado a veia e de repente ficar tudo entupido. Por mais que tentasse empurrar o êmbolo nada, nem para a frente nem para trás, só me apetecia bater em mim próprio. Outras vezes era a agulha que saltava da veia à última da hora, e o líquido em vez de entrar na veia fazia logo um alto no braço porque ficava ali acumulado, vindo mais tarde a dar origem a grandes hematomas, enfim autenticas cenas de terror.
Outro medo com que me confrontava era a qualidade do cavalo, ou melhor dizendo que tipo de mistura tinha. Toda a gente sabe que os traficantes misturam substancias no cavalo para aumentar a quantidade e logo aumentar o lucro, o chamado corte. Mas há medida que vamos descendo na cadeia todos os intermediários fazem o mesmo, sendo que os últimos, muitas vezes pequenos traficantes que apenas ganham para o seu próprio consumo, utilizam tudo o que tenham à mão, seja cimento, seja Noostan seja cal, enfim o que puderem. Ora, o meu medo era que algum desses malucos me vende-se uma mistura com alguma substância letal o que pelo facto de eu ir injectar podia ser muito perigoso.
Esse foi um dos motivos que me levou gradualmente a abandonar a compra no meu bairro e a procurar bairros de maior importância no tráfico, em particular o Casal, pois pensava que aí o risco era menor, mas em boa verdade, foi intrujado tanto no meu bairro como nos outros, dependia dos dias, das épocas, enfim dependia da consciência ou falta desta dos traficantes.