Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

segunda-feira, agosto 21, 2006

Finalmente a consulta de psiquiatria.

Finalmente chegou o dia da consulta com a psiquiatra.
Estava completamente à toa quando fui para lá, um misto de esperança temperado com o medo do que me esperava, e uma luta interna entre a vontade de tentar parar e o prazer de consumir que, apesar de tudo, ainda dominava a minha vontade.
A primeira impressão da médica devo dizer que não foi nada positiva, pareceu-me uma pessoa pouco a vontade com o meu problema e sem grandes repostas para me dar.
Para ela era fundamental o envolvimento da família no processo de cura que me propunha, e eu não queria de modo algum envolver quer os meus pais quer a minha namorada. Assim, e face ao que eu julgo ser a sua falta de experiência em lidar com toxicodependentes, lá aceitou em me prescrever a medicação que entendeu necessária para enfrentar a fase de ressaca física e mandou-me para casa entregue a mim mesmo.
Não pensem que mais uma vez estou a criticar a forma como o processo foi tratado pela clínica, não, aqui as coisas decorreram da forma que eu cria. Aliás eu penso que omiti muito do meu grau de dependência e consegui manipular as coisas a meu favor.
O que se passou foi que por esta altura eu já estava mais do que arrependido de ter revelado o meu problema aos médicos, mas como o processo estava a ser tratado por médicos da empresa eu já não tinha fuga possível, tinha pelo menos de dar a ideia de que me queria tratar.
Então receitou-me um medicamento chamado Catapresan, mais uns comprimidos para dormir, um anti-depressivo e alguma coisa para as dores, destes não me lembro os nomes mas sei que não eram dos mais conhecidos e também não eram dos mais fortes.
Chegado a casa com os medicamentos foi preciso inventar algo para contar aos meus pais e à namorada, já que tomar tantos medicamentos não era nada normal.
Uma vez que sabiam que eu tinha ido à psiquiatra disse que estava com o princípio de uma depressão e que aqueles medicamentos me iriam tratar, era possível que tivesse dores, mas que não se preocupassem pois era normal.
Claro está que as dores nunca vieram, pois nunca dei tempo suficiente para que a ressaca se manifestasse, já que continuei sempre a consumir. A data marcada para parar era sempre o dia seguinte.

1 Comentários:

Blogger Maria H disse...

Pois...é sempre daqueles "amanhãs" muito imaginários! Felizmente que ele chegou e, desta vez pra valer!

5:48 da tarde

 

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