Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

quinta-feira, julho 06, 2006

Ressaca a quanto obrigas

Com o medo das ressacas veio a necessidade urgente de todos os dias conseguir dinheiro em quantidade suficiente para comprar a dose necessária. Como é evidente, essa necessidade, obrigou-me a colocar em acção uma série de esquemas que me permitissem obter o dinheiro que me faltava.

Por esta altura mudei de emprego e fui trabalhar para um empresa onde o contacto com bens e mercadorias que poderiam ser trocadas por cavalo, ou dinheiro, era constante no meu dia a dia.

Assim, para além dos roubos efectuados em casa, começaram os pequenos furtos no trabalho, onde tudo o que fosse passível de ser trocado pelo pó servia para me matar o vício.
Uma outra solução era a manipulação das pessoas que me rodeavam, no sentido de conseguir que, de alguma forma, me dessem ou me emprestassem dinheiro. Um drogado é sempre um exímio manipulador, conseguindo com facilidade inventar histórias ou situações mirabolantes capazes de comover as almas mais empedernidas a fazerem aquilo que queremos.

Assim, nesta fase, em que ninguém, para além dos meus comparsas de consumo, desconfiava sequer da vida que eu levava, a minha necessidade de dinheiro para sustentar o vício lá ia sendo, com maior ou menor dificuldade, satisfeita através destes esquemas.

O pior, é que de dia para dia, os pedidos do corpo iam aumentando e consequentemente o dinheiro necessário acompanhava esta tendência, e como eu estava muito reticente em trocar a prata pela seringa, as quantidades necessárias eram cada vez maiores.

Hoje ao olhar para trás, fico incrédulo com a quantidade de tempo em que me foi possível manter em segredo esta vida de drogado, principalmente junto dos meus pais e da minha namorada, pois os sinais e as pistas eram tantas…

Desde os rolos de prata que misteriosamente começaram a desaparecer num ápice, aos maços de tabaco que nunca tinham a prata que normalmente os acompanham no seu interior, para não falar das constantes indisposições acompanhadas do pingo no nariz, mais a perca repentina de peso, falta de apetite, e claro as coisas e o dinheiro que começaram a desaparecer de casa, enfim se calhar é mais fácil para nós que conheçemos todos os sintomas juntar as peças.

8 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Consegues transmitir aquilo que se passou de uma forma espectacular.. Continua, que eu tb continuo a vir aqui diariamente em busca de novos posts! Mas surgem-me umas perguntas: nunca ninguem dos que lidavam contigo diariamente se apercebeu? Ou mesmo no teu emprego? E aqueles com quem costumavas fumar, seguiram o mesmo caminho?
Força..!Continua

3:58 da tarde

 
Blogger Maria H disse...

Raros são os toxicodependentes que não precorrem este caminho, estas fases todas que são em tudo iguais em qualquer vida toxicodependente. A estrada é a mesma em qualquer cidade, em qualquer época, em qualquer pessoa. O destino é que pode variar conforme os atalhos que vamos tomando ao longo da viagem.
Realmente se cada um de nós tivesse metade da audácia e da persuasão que um toxicodepente consegue ter...Isto, atenção, numa atitude consciente e livre de droga!...Conseguiria fazer da vida um autêntico oceano de felicidade e sucesso! Um drogado consegue fazer crer aos mais incrédulos que a história que está a contar é a mais pura das verdades. Assim um bocadinho como os nossos ministros! lol
Força e continua que nós estamos a fazer o mesmo!!

4:39 da tarde

 
Blogger Lipa disse...

Realmente é muito estranho como ninguém se apercebe... O que eu acho é que o amor cega as pessoas, e tanto os teus pais como a tua namorada, não queria ver não queria acreditar!!!

Adoro este teu blog!
Também tenho passado pelo o outro e também gosto muito...

Beijinho e como dizem os outros comentadores: continua!

6:17 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Vivo o que ja viveste.
Este medo de ressacas acompanha-me todos os dias, e, para nao ter as dores de cabeça, de estomago, as tonturas, os vomitos, as dores nas costas e nas pernas q me matam ao 2º dia sem pó faço tudo o que posso e o que nao posso para arranjar dinheiro, seja nos frequentes roubos ao MB da minha mae, à carteira da avó, ou apenas por fazer um pequeno 'choradinho' a algum dos meus companheiros de fumo. Alias, ha um deles que se diz apaixonado por mim e isso trás as suas vantagens.
Trocar a prata pela seringa é algo q nao me passa pela cabeça, aí o medo é muito aterrador.
Ja cheguei a tomar subotex e tramal mesmo antes da ressaca aparecer, é tão má esta dependencia de uma substancia que era tão magica e resolvia tudo na minha cabeça, no inicio e que é tão essencial e destructiva agora.
Ha tantos sinais notórios mas que realmente nunca ninguem repara. É estranho, antes de me meter nesta vida tambem nao me apercebia deles em algumas pessoas mais proximas.
Quero parar. Quero deixar esta porcaria e voltar a ter a minha vida, quero deixar de passar noites em sotaos e carros a fumar e voltar as minhas noites divertidas e repletas de pessoas que admiro e me fazem tanta falta agora.
Mas nao tenho coragem... Nao sei que fazer. As minhas pausas mais longas foram de 5dias e chego ao fim de semana e estrago tudo.
Estou realmente agarrada a esta porcaria. E raramente gosto do admitir.

Descobri o teu blog por sorte, diria. Vou continuar a visita-lo.
**

2:41 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Alguém sabe quantos dias depois de parar com a naltrexona se pode voltar a fumar uma china?

5:36 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

levei 17anos a fumar cavalo e tentei de tudo para deixar aquela vida tive em 6 clinicas diferentes tomei de tudo e mais alguma coisa fix muita porcaria roubar entre muitas mais coisas. mas agora tou limpo a 2anos e meio foi o AMOR que salvou me... fikem bem e boa sorte pa quem ta a tentar deixar essa droga da porcaria

2:36 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Olá sou uma rapariga de 21 anos... fumo as minhas ganzas ah 7 anos . . . ah 3 anos atras trabalhava num lar e as dores no corpo eram mto fortes foi receitado tramal . . . 100mg . . . tomava adorava tomar aquilo tentava deixar de tumar as dores vinham mais fortes mesmo depois de ja estar em casa sem fazer esforços sem trabalho . . . hoje em dia sou viciada em antidepressivos e tramal . . . minha familia não sabe . . . meu namorado sabe que tomo antidepressivos mas nao sabe a quantidade que tomo . . . ninguem sabe . . . as vezes penso onde irei parar se continuar assim . . . ainda sou uma pita . . . tenho muito pela frente mas é dificil . . . nao consumo mais nada a nao ser esses mesicamentos a minha erva e o meu polex mas e mais tarde ? tenho noção das coisas mas voces percebem a minha cena . . . já passaram por pior . . . desculpem falar como se adora-se estar pedrada . . . sim adoro . . . sei que muitos estao em reabilitação outras já ultrapassaram essa vida . . . mesmo sendo viciada desejo força a todos e admiro a vossa coragem . . . acho-me estupida dizer isto sento viciada . . . acho que foi um desabafo . . . bjinhos a tdos

6:27 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Olá boa noites, e o seguinte para evitar a ressaca da heroina tomei meio tramal 200mg por dia nos quatro dias mas passados cinco estou a sentir efeitos de ressaca isso ainda e da heroina ou do tramal, se for do tramal em quantos dias passa sem tomar mais. PS aguardo rsp obrigado.

1:56 da manhã

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial