Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

sexta-feira, outubro 06, 2006

A dor

É verdade que a dor de uma ressaca é algo difícil de explicar ou de comparar, não é uma dor que se possa localizar, não é como uma dor de dentes, ou uma dor de cabeça, por mais fortes que estas sejam não há comparação possível.
A ressaca é um conjunto de dores físicas às quais se juntam um conjunto de dores da alma. Na ressaca todo o corpo dói, desde os rins, às pernas, à cabeça, enfim é um mal-estar geral que por mais que tentes não consegues controlar.
Mas para além dessas dores físicas existe também o resto, os constantes pedidos do corpo para consumir, os tremores e a ânsia de consumir. Há uma ideia que constantemente vem à cabeça de quem está a ressacar, essa ideia é simples: “Para que tudo passe basta consumires um pacote!”
Então entras numa luta contra o inconsciente que te diz vai consumir e o consciente que te diz para não o fazeres.
Das várias conversas que tenho tido com o meu pai sobre este assunto, a ideia que ele me passa é que das coisas mais duras e mais difíceis de controlar durante as minhas ressacas foram as minhas constantes súplicas para me arranjar um pacote de cavalo, era a única coisa que eu pedia.
Mas na nossa vida, à medida que o tempo passa, vamos esquecendo as coisas más e lembrando apenas as boas, por isso rapidamente nos esquecemos do que sofremos e procuramos recuperar aquelas que nos dão prazer, é por isso que muitas vezes se volta ao consumo.
A Maria H conseguiu, no comentário que fez, passar bem esta ideia: “São mesmo horríveis as dores de uma ressaca, mas não é apenas pelas dores sentidas que se muda de rumo. Essas, as dores, vêm e vão como o vento...Não há dor alguma que o ser humano não consiga suportar. Eu mesma suportei as dores de uma ressaca "a frio" ( sem medicação, sem tratamentos) e estou aqui!! Tive dois filhos e acho que custa bem mais!”
O pior são de facto as dores da alma, essas sim ficam para sempre, essas não passam, essas doem todos os dias, por vezes diminuem de intensidade mas não desaparecem, ficam como companheiras para a vida.
O que acontece é que só damos por elas mais tarde. Eu por exemplo, naquela altura, não via o valor do que o meu pai estava a fazer por mim, antes pelo contrário, ele era um “inimigo” que me estava a afastar do prazer e do bem-estar. Naquela altura ainda não tinha decidido parar de vez, ainda achava que podia controlar o consumo, por isso passado pouco tempo, assim que me foi possível, estava de novo a consumir.

7 Comentários:

Blogger Maria H disse...

E, passada a ressaca física que bom é tomares um banho, vestires roupa lavada, olhares ao espelho e veres uma cara que já não está tão denegrida e baça...Estás cambaleante e frágil. A sensação é parecida com o que se sente depois de uma longa permanência na cama, com febre...
Enfim...tudo passou e, se Deus quiser não voltará!

PS: Preciso de um conselho teu. Imagina que tens um colega de trabalho cuja casa foi assaltada e roubado todo o ouro que ele tinha. Dias depois vês o filho desse colega com uma pessoa que é agarrada e trafica. Tudo leva a querer que o desaparecimento do ouro teve outra origem que não o assalto...Que fazes? Viver todos os dias com o colega sabendo que algo não está bem? Se puderes dá-me a tua opinião.

10:49 da manhã

 
Blogger Eu disse...

Olá Maria, tudo bem?
Pois, essa situação é complicada, mas parece-me que só tens uma opção...
Se não contares o que sabes, ou o que vistes, o teu colega nunca te vai perdoar, é que mais tarde ou mais cedo ele vai saber a verdade, e eu acho que nestes casos é sempre melhor mais cedo.
Não vai ser fácil, mas como mãe que és vais encontrar a melhor maneira de o fazer.
Olha, quando foi comigo já todos os meus vizinhos e colegas sabiam e os meus pais estavam na ignorância, quando perceberam o que se passava já era muito tarde.

10:58 da manhã

 
Blogger Maria H disse...

Pois é isso mesmo que eu também acho. A questão é que isto não se passou comigo mas sim com outra pessoa que me contou, que me colocou também a questão. eu queria era ter outra opinião não fosse eu estar errada. A pessoa em causa tem é medo de ser tomada como intrometida percebes? Eu acho que já tinha tomado a iniciativa de contar mas como o fazer também não sei muito bem...Olha deixar correr...Deus queira que seja passageiro...
Obrigada pela tua opinião.

9:58 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Este nosso corpo tem poderes insondáveis!

1:25 da manhã

 
Blogger Jorge Sobesta disse...

Amigo,

Lí toda sua estória até o seu último post.
Pretendes abandonar o projeto?

Um abraço.

9:10 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Não li toda a estoria...max du k li axei muito interessante...este blog devia ser mais divulgado, para k certas pessoas oiçam os arrependimentos de uma pessoa e que não aconteça o mesmo!!!

ESTE BLOG DEVIA SER MAIS DIVULGADO!!!

porque não fazes um SITE mesmo, asim tens mais hipoteses de o divulgar...és uma pessoa com uma historia para contar e penso que esta estoria agradaria a todos...é muito interessante...quem sabe, escrever até mesmo um livro!

Eu achei muitu interexante!!!

5:12 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Olá Maria
Estou fazendo um projecto para eniar para o Ministério de Saúde.
Podes me responder a esta pergunta?
O que sentiste enquanto estavas drogada?

11:39 da manhã

 

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