Tenho 44 anos. Em 15 de Dezembro de 1996 dei o meu último caldo. Passaram-se 17 anos... Aqui contei parte da minha história...

quarta-feira, novembro 08, 2006

O primeiro chuto

O tempo durante o qual apenas fumei é algo que não sei com precisão, sei que foram alguns anos 2, 3, não sei. Foi muito tempo, foi muito dinheiro queimado, sei apenas que foi muito tempo. A noção do tempo foi algo que perdi durante as épocas de consumo, sei apenas que para mim não havia Natal, não havia aniversários, não havia nada, o meu calendário era regido pela necessidade de consumir e logo de arranjar mais e mais dinheiro.
Mas voltando à minha história, é chegado o momento do primeiro chuto.
O tempo disponível para estar sozinho e assim poder consumir, passou a ser muito reduzido após ter revelado a toda a gente que eu era toxicodependente, da mesma forma o esforço para conseguir dinheiro também passou a ser maior, daí comecei a ter dificuldade em satisfazer as necessidades do vício.
Por esta altura, o grupo inicial de amigos com quem me tinha iniciado no consumo estava reduzido a duas pessoas, eu e mais um colega, que por essa altura já picava.
Foi assim, que uma noite deixei de resistir e acedi a experimentar as “maravilhas” do chuto, “aliciado” por esse colega que não se cansava de dizer que enquanto eu fumava uma chinesa estava desperdiçar cavalo, não aproveitava a moca como deveria e para além disso a quantidade necessária era menor.
Este último argumento convenceu-me.
Então lá fomos experimentar com apenas meio pacote, já que eu tinha muito medo de possíveis overdoses.
Quem me picou foi ele, e apesar de eu nunca ter tido grandes veias correu bem, já que apanhou a veia à primeira.
A sensação que se seguiu foi algo que não consigo explicar.
O efeito foi instantâneo, mal o líquido começou a entrar na corrente sanguínea, fui invadido por uma onda de calor, o prazer que a chinesa me dava apareceu assim de repente e de uma forma brutal e inesperada, foi um flash, uma coisa inexplicável.
Tornou-se para mim evidente que não mais viria a fumar, não havia comparação possível, de facto uma coisa não tinha nada a ver com a outra, não sei explicar, os efeitos são imediatos e muito mais fortes e naquela altura mais duradouros.

3 Comentários:

Blogger Lipa disse...

Tens uma maneira fanatástica de explicar as coisas, parece que estou com voces nesse momento... Continua assim, a tua história serve de exemplo para todos nós...
Beijo

9:59 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Gostava de ler a história até ao fim...
vim parar a este blog, porque sou estudante e ando a fazer um trabalho sobre a toxicodependencia!
e este testemunho é absolutamente fantastico... fico contente por teres deixado esse mundo e acho corajoso da tua parte, expores assim os pormenores duma parte tão dificil da tua vida...

3:38 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

o pior vem depois q quando ja n precisas de ninguem para dar, e das 1,2,3 e por ai em diante e quando queres parar ja é fdd,mas msm assim é possivel parar e é nisso que todos nós temos q pensar,uma coisa fora de questao é o facto de controlares o q é impossivel pq ela acaba por te controlar a ti,fala a voz da expriencia pela 3 ou 4 vez....e espero mais nenhuma ja n prometo....um abraço de um adicto

10:49 da tarde

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial